domingo, 23 de dezembro de 2007

tu és uma daquelas flores, tens de resistir à neve.

atualmente, em mim, dor maior que essa não existe.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

this one is for you.


eu planejei meu suicídio
de modo que nunca vou falar
guardei num papel,
o plano escrito.
onde só aqueles dois olhos
onde pintada eu fui
e os meus, agora fechados
lerão.

porque meus olhos estão fechados assim?
me responde.
mas o silêncio é tão amplo
e se esconde
nos lugares explícitos
de mim.

eu preciso saber porque.
porque dói.
porque fere.
porque fala.
porque segue.
e eu sigo, não vê?
sem motivo,
com razão.
ai, amor
me diz
porque?

então, as coisas simples
me fazem chorar.

domingo, 16 de dezembro de 2007

no fim do dia.


eu acho que no fim do dia
o que sobra mesmo
é o sono
porque a lua tem um veneno
que insiste em fechar-me os olhos.
mas eu não quero dormir.
não, mãe, eu não quero.
os sonhos são pesadelos
e tão bonitos quanto a lua
que dança no riacho
que aqui perto de mim
não existe.
então tapem o sol
com os dedos que lhes restam
mas não deixem-me dormir
não com a lua dançando tão bonita
por seu amor platônico
pelas estrelas.
e uma me cai do céu da boca
quente como fogo
queima tudo por dentro.
enquanto eu,
meu amor,
sou da tua vida,
um mero esboço.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

férias de mim.


eu preciso de um tempo
longe de mim
pegar minhas malas de vento
sonhos e letras
e fugir daqui.

quero me aventurar
pela estrada que te desenha
descansar a alma na tua
te beijar o corpo todo
fazer-te voar
com a ajuda
das minhas asas
que já estão tão pobres
de penas
e plumas.

e tens o melhor de mim
quem sabe podias
me emprestar um pouco
pra que eu não precisasse
pegar todas essas coisas
e fugir assim.
a não ser que você queira -
e como eu quero-
que eu vá mesmo
e acabe por morar em ti
de vez.

feche as janelas
e as cortinas
os olhos
e a porta
abra os lábios
e a alma,
estou chegando.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

o mundo.


olho pro lado,
e não tem nada.
olho pro outro
e continua não tendo nada.
me tocas no ombro
me beijas o rosto
me abraças o corpo
e quando abro os olhos
o nada, por si,
vira tudo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

céus, eu preciso da psicóloga.
odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeioodeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeioodeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeioodeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeioodeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeioodeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeioodeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio odeio.

Cortázar corazón.

"(...) e aquilo a que chamávamos nosso amor era talvez eu estar de pé diante de você, com uma flor amarela na mão, você com duas velas verdes, e o tempo soprando contra nossos rostos uma lenta chuva de renúncias e despedidas e tíquetes de metrô."

_J. Cortázar_


porque Cortázar me faz companhia enquanto eu espero que o mundo não acabe hoje . mas é ruim ler Cortázar sozinha de noite porque dói demais e eu me sinto mais só que os lápis de cor que eu perdi e nunca usei. me diz, como se sentir mais só que lápis de cor que só enfeita? e eu ouço collen, com seu som de caixinha de música e é tão heartbreaking que eu sinto meu coração apertar e nem sei mais se é culpa do Cortázar, da música ou de mim mesma. porque é tão mais fácil culpar os outros. e eu vejo zumbis aparecendo na minha janela, com várias flores amarelas. eles ficam até bonitos assim, com a minha flor preferida. e eu digito aqui feito louca pra ver se a angústia passa e sei que não devia mais ler Cortázar mas eu não consigo. e eu gosto muito do nome dele. e é tão. shi, tayná, parou.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

aluga-se uma alma.


eu criei um mundo
e destruí o teu
eu comi o fruto
e o pecado nasceu.
nada mais justo
que a minha alma
vender por aí.
aluga-se uma vida
com poucos anos
e bem vivida.
tem bom estado
e cabelos mal tratados
fuma muito
ou seja,
tem os pulmões adoentados.
mas até poesia sabe fazer
gosta de ler
ver filmes
e dormir
canta de vez em quando
desafinado e baixinho
pra no mundo todo
quase ninguém ouvir.
foi feita de amor
e regada com saudades
as lágrimas da chuva
já levaram embora
as que nos olhos tinha
aprisionadas.
então, se você nunca amou
ou não tem medo disso
mostre um colo vazio
e um coração limpo
que a alma é sua
até que ela acorde
e vá embora,
porque essa alma não pára
até morrer de amores
até matar a sorte.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

desabafo sem métrica I


porque "what sarah said" me faz chorar. e eu coloco pra tocar vezes sem conta. chorar por dentro, é claro. sabe-se muito bem que as lágrimas da tayná já evaporaram-se todas quando os seus olhinhos ficaram tão tão inchados e encharcados que as nuvens tiveram pena e nem choveram mais. nem precisava, eu acho. acontece que os dias acontecem desabando assim. e tem dias em que eu acordo meio não-sei, sabe? aí dói. dói alguma coisa que eu não sei o que é e nem quero saber, na verdade. eu tenho medo. medo mesmo. não aquele medinho de começo de inverno e término de verão. medo de que aconteça tudo de novo e eu me perca tentando achar a flor preferida de alguém. porque esse bosque é escuro e denso e as árvores têm rostos feios e vozes medonhas. e ah, tem também o medo de tudo que eu ainda não vivi, das dores que eu não sei se existem ou eu inventei. e há dias em que eu invento as dores, pra me sentir menos só. porque as dores fazem companhia, se você não sabe. antes mal acompanhado do que só. mas eu nem me sinto mais só assim. na verdade, me sinto bem completa. então, porque, meu deus, porque ainda dói assim vezenquando? isso aqui não é um texto pra ser bonito nem a song to say goodbye, mas um desabafo. porque eu tô precisando conversar mas parece que esqueci como é que se abre a caixinha do peito e expulsa a angústia sanguessuga. sabe "play me a sad song, cause that's what i wanna hear"? então, bem assim. porque é que as coisas tristes são tão bonitas? como cat power, por exemplo. sim, eu sei, cat power é um ÓTIMO exemplo. eu repito, as coisas são tão tristes que acabam por ser lindas. o mundo é triste, com o seu câncer e sua baixa auto-estima, por isso é lindo. i wish i could eat your cancer. eu queria muito mesmo não querer mais nada. mas há sempre a sede. e podem me dar pão, água, vinho, carne, mas eu vou sempre querer a fome. então a falta faz bem, tayná? se eu soubesse de que falta estamos falando. porque eu sinto falta. e é como o conto do Rubem Alves, que você sabe, explica que é errado sentir isso. ou ao menos foi isso que eu entendi e me fez chorar tanto naquele dia. ah, hoje teve a palestra do Rubem Alves e eu não pude entrar. fui lá pra ir no banheiro e ouvi ele recitando algo como 'cheirar... cheirar...' e achei tão bonito o jeito que ele falava, como se estivesse realmente cheirando o corpo da amada devido a insônia que se tem por querer vê-la dormir e imaginar o que ela sonha. mesmo que o poema não tenha nada a ver com isso, foi o que eu senti. e os cheiros que eu inventei me trazem lembranças tão tristes. por isso passei a não gostar de lembranças. alguém tem alzheimer pra vender? mas nem é isso. nem é isso. acho que dói estar feliz. é, acho que é isso. isso isso isso isso. repito isso quantas vezes eu quiser e vá longe com as suas regras gramaticais. porque o amor foi feito com um adeus no lado, não foi? é o que se ganha de brinde. e nossa, isso assusta. eu tentei, juro que tentei fechar o coração de pano com todas as chaves que eu tinha, jogando fora naquele rio que passa pela cidade e é tão barrento. porque eu não queria, não queria morrer de novo. mas a tayná foi feita pra morrer de amores, não foi? já dizia o Eric : "amada amiga, foste feita pelas mãos delicadas de afrodite que concebeu-te os olhos cheios de dor e um coração vasto, onde só repousasse o corpo do amor, para que para sempre, sofresses de um deleite dolorido". ou quem sabe Caio, no seu "colorido-dolorido". na verdade, nem sei se o Eric disse isso, com essas palavras. as dele eram mais bonitas. as coisas do Eric sempre são mais bonitas. mas a Priscila o proibiu de falar comigo e agora ando com a alma separada de mim. então, hoje eu encontrei o Rodolfo. eu sabia que ia encontrar o Rodolfo. eu gosto como soa o nome dele. ro-dol-fo. e o abraço dele me compra todas as horas de agonia. é como se os seus braços e ombros e tronco tivessem uma voz própria que diz, com um som de caixinha de música por trás, que vai ficar tudo bem. e eu gosto como ele fala tudo certo. então, senhor Rodolfo, trate de conseguir um saco de abraços ou um clonezinho que recite poesia tão bonito, fale certinho e tenha o mesmo abraço confortador. e não importa se for só uma projeção. já vivi de projeções por tanto tempo mesmo. love is watching someone die. gosto dessa frase. gosto muito. como gosto também de 'a la folie, mon amour' ou 'um desgraça, meu amor' ou 'love you forever but you're driving me insane'. sim, todas têm amor no meio. e eu também.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

promete.


"eu sou você e os meus rivais, sou só" _ Caetano Veloso_


sei lá, talvez seja o barulho da rua onde não se escuta o silêncio. ou essa insegurança que me agarra com unhas compridas e me crava na pele um nome que não é meu nem teu. que não é do mundo. e não, eu não sinto falta daquele mundo que você perguntou. mas eu sinto uma falta tremenda de um mundo em que eu pintava as paredes de dor aguda e brincava de chorar o tempo todo. mas eu não sei mais chorar. na verdade, eu vivo chorando assim de pouquinho, depois rio feito uma louca. porque, você sabe, a loucura me fascina. um resto de vida indo pelo ralo. vermelho e branco, parece Lorena mas é só Tayná. nunca mais houve dissecação. não aqui em casa. talvez lá no hospital sim, fiel companheiro. os soros e agulhas nunca mais me viram, coitados. de mim, não sobra nada. eu acho. não vai parar. não vai. e não há mentiras o suficiente pra me comprar a verdade. porque eu me perdi só pra me encontrares. então desiste, vai. eu troco os meus livros por um sorriso nos teus lábios. porque hoje o dia está mesmo estranho, não é? as notas dançam devagarmente pela minha cabeça e eu preciso conversar. eu preciso de tanta coisa e tanta coisa é tão pouco. cadê a maquininha de esquecer? quero esquecer o medo. eu sou só o ao redor e do meu cabelo nasce um grito ensurdecedor. e fechas os olhos. meu amor, porque fechas os olhos? não existe mais o nada e o tudo é tão, tão vazio. então, que venham explodir o que em mim está saturado. o medo me segura pela mão e leva ao abismo o que aqui andava descansado. eu não quero ir sozinha mas acho que a minha dor é tão grande pra que tu aguentes. eu sou feita de dúvidas, saudades, inseguranças e amor. por favor, promete.