terça-feira, 29 de abril de 2008

abro a boca pra respirar o nome dela.
e o sangue dança.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

here comes my childhood.


pedaço de mim espalhado pelo corpo do mundo. eu não quero chorar hoje. correndo correndo correndo, até quando? não consigo falar e, por favor, não me culpe. são sentimentos que eu não conhecia e ainda não sei colocar pra fora. cuspir no chão, quebrar um copo. mãos suspensas no céu que não tem cor. o céu nem tem semáforos, veja só! verde, amarelo, vermelho. acho que a cidade precisa de mais azul. está sempre chovendo. não gosto das horas sozinhas. a solidão tem me cortado os dedos, mal posso escrever. um corte pequeno no mesmo lugar todos os dias, e teremos uma hemorragia. vai ver a chuva só veio me lavar do peito de vocês. por favor, não tomem banho. deixe que eu escorro no meu banheiro e entro pelos canos. banhem-se de mim. mas deviam aparecer os dias e me levar pra passear. não quero sorrisos, não quero. quero um rosto fechado e a minha mão aberta. o vento nunca foi tão. pra que concluir frases? eu sou só metade de mim, hoje. eu ainda não me terminei. faz isso por mim?
i had made you such a beautiful thing.
such a beautiful thing.
i'm so sorry you fucked me up.

domingo, 27 de abril de 2008

je suis la merde.


como se selam os lábios? assim, pensando num momento vago sem corpo meu. porque é tudo. entende? e não adianta quantas pedras caiam no meu sapato, eu continuarei andando. e sorrindo. sim, eu sorrio. porque o meu papel rasgou mas eu achei algo para pregá-lo na parede. e cortei de mim o melhor. mas não interessa, eu sorrio. felizes mesmos somos nós, os loucos. e eu devo mesmo não ter consciência. tomo banho de dor nas costas. tudo bem, faço massagem em mim.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

sorte.


fechar os olhos pro mundo. eu, cansada. as mãos fraquejando por cima do papel molhado. onde está o sol pra secar a pele e as palavras? tudo manchado. olhos manchados, porque eu sou um desenho. daqueles rabiscados, como as letras na minha mão. e as estrelas no chão, tentando ofuscar o brilho da lua, estando mais perto. mas as estrelas brilham mesmo mais, pelo menos pra mim. e eu tremo quando foges. porque eu vivo fugindo daqui de dentro, também. quase nunca tem volta, um sorriso a menos. fecho uma mão, abraço-a com a outra. as mãos têm mesmo sorte, nunca estão sozinhas. e os pedaços de mim que deixei pela rua, contam uma história bonita. menos vazia. o corpo balançando num pneu pendurado numa árvore. é bonito. as coisas adquirem um brilho maior, quando estão deformadas pela velocidade. mas eu sou lenta e tu já corres. então, que me esperem os caracóis, levo minha casa nas costas. vamos nos apaixonar pelo mundo, antes que ele morra. ou, talvez, nos apaixonemos mais se ele já estiver morto. não é assim com os poetas? mas eu nunca soube escrever.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

correr.


vou abrir a boca pra me engolir. aquele sol lá fora não me toca mais como esse vento artificial, vindo dos sorrisos que eu perdi. minhas mãos estão quietas, porém correndo. "quero correr até não ter mais pernas", ele disse. e eu não soube responder, eu não soube. talvez porque eu também queira. e eu nunca soube correr, não como as outras pessoas. eu corria sobre cacos de vidro e contemplava as pegadas que me seguiam, isso serve? ao menos eu tinha companhia. o gosto amargo que não depura, já disseram e eu não entendia. até hoje não, mas eu sinto. sinto descendo pela garganta e parando no coração. tenho ligações por dentro do corpo que ninguém mais tem. você não entende nada. não quero ir embora, mas você vem comigo? aqui não chove, não agora. estou com calor, preciso ficar nua pra contemplar o que é teu. vestido ninguém passa de mais um. as pessoas se fantasiam com suas roupas. eu me fantasio com a minha pele. deixe eu derramar nas tuas veias. me deixa transbordar de ti. não te recuses. não sumas e nem corras, porque ainda tens pernas (e muita carne nelas). porque quando abrirmos os olhos, os meus terão tomado banho. e os suspiros formarão uma sinfonia e tu me beijarás e dirás que está tudo bem, que me amas e não vais me deixar. mas eu não quero ouvir isso. eu quero ouvir que eu preciso de conserto. que eu estou doente e que a vida me dói no pensamento. porque eu sei que me amas e que não vais me deixar, mas eu preciso que tu saibas que eu ando doente, e muito cansada. e que eu te amo, mas isso és tu quem já sabe. não vou mais escovar os dentes, não quero perder o gosto. gosto de quê, amor? gosto de mim na boca amarga da manhã. gosto teu no escurecer do dia. os dias escurecem porque eu fecho os olhos e continuas acordada. devias dormir. eu devia levantar e passar um café. eu devia acordar e fugir de casa. até não me sobrarem mais pernas.

fuck you, fuck me, fuck all people, fuck children, fuck peace - nos sonhos.

eu chorava e tu rias.
eu te batia e tu me beijavas.
eu morria e tu beijavas outro.
porque?
eu não quero mais isso.
eu não quero mais sonhar.
me dêem uma pílula anti-sonhos.
eu quero viver com insônia
eu nem quero mais pensar.
os meus dedos feridos
que em contos oníricos
não passaram pelo teu corpo.
nunca mais.
não sorri pra mim
não diz que foi só sonho
o que dói aqui dentro
não pára de doer
quando eu acordo.
guarda as palavras de vai-ficar-tudo-bem
no fundo do teu coração que não
é mais meu (por enquanto).
não quero ouvir,
os sonhos me surtam efeitos assim
você já devia saber.