domingo, 29 de junho de 2008

arrepio.


"porque ela é o acontecimento que tantas as notas prepararam, de tão longe, morrendo para que ela possa nascer" _ Sartre_



porque as minhas mãos não param de procurar o lugar em que está o vão das tuas. e tu sabes que eu não posso deixar fugir dos meus olhos o brilho dos teus, que me roubam o sossego, até numa ilha deserta. a imaginação de uma criança não seria mais bonita que a minha, quando penso em ti. eu não sei mais pensar direito. penso do meu jeito pra ti. sorrisos que me cobrem de uma constante embriagez de ânsia. se olharmos o sol por muito tempo, quando ele está se pondo, é claro, e de longe, parece que não é real, parece que é ilusão. só sabemos que o sol existe por causa da sua luz, se o olharmos muito. porque sem lua dá pra viver. mais triste, mas dá. e sem sol? pétalas que arranco da minha pele pra alimentar a tua fome de flor, a tua fome de mim. mesmo eu não tão delicada, mesmo eu não tão amarela. e eu que achava que amor era só formigamento da pele, quando penso em ti, sinto a alma ferver. o que eu seria sem o meu peito que grita em tons altos e arranha as paredes de mim, em teu nome? eu quero o teu ninho, pra aquecer o meu amor. quero te dar comida feito mamãe-passarinho. sentir teus pêlos arrepiarem nas costas, sem encostar um dedo sequer.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

pedido.

wild horses - tori amos

eu queria ser coisa viva. coisa viva de entrar na tua vida e mexer em tudo. colocar a cama no teto e o teto no chão. arrumar briga com o teu sossego e desalinhar o teu horizonte. queria sacudir as tuas pernas enquanto caminhas e te fazer tropeçar, na passarela. porque não me contento com o bom dia, eu quero que me sintas tanto quanto te sinto. quero que me sintas fazendo tranças com as tuas veias. só pra que pulses mais devagar, pulsando tão intensamente por mim. e que não pare. não parando, nem quando os carros dos olhos das pessoas vierem na tua direção dizendo que já passas do limite o sinal está vermelho. quero que ultrapasses o sinal em alta velocidade, por mim.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

eu quero.



há tanta coisa, há tanta vida, há tanto tempo. eu ando perdida no olhar pras nuvens e o Lucas diz que eu posso acabar tropeçando e cair. é que eu fico na esperança de ver as nuvens de dois rostos se beijando, de novo. traços passando pela minha vida e saudades sendo sentidas tão mais depressa. ouço o teu pensamento mas não sei se pensas em mim. quero controlar os teus suspiros. quero que a tua respiração se confunda com a minha ao falares o meu nome. a minha língua imitando as dos sonhos em que as tuas mãos passam pelas aventuras dos meus cabelos de milho e tu descobres que lá se esconde o cheiro das manhãs em que amaste feito uma criança. eu te rabisco poesia todos os dias e escrevo cartas no papel do céu. nunca vejo estrelas cadentes pra realizar pedidos, mas eu tenho os teus olhos que se fecham. que me deixem viver sem o medir dos passos que ainda poderei dar. eu quero correr pelo campo dos teus passos. eu quero deitar na cama da tua pele. eu quero comer com a força dos teus dentes. eu quero ser você, vindo pra fora de mim.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

amar é não saber voltar, uma vez que você já me chamou pra atravessar.

fato mais bonito me aconteceu agora:

eu deitada no sofá, estudando Campo Profissional - preciso de 8.0 na prova de hoje- quando D. Maria passa e vê a flor que eu desenhei com caneta bic na minha perna. ela aponta e com uma cara mesmo engraçada diz:



- essa menina parece um jardim! é flor pra tudo quanto é lado!

segunda-feira, 23 de junho de 2008



eu plantei a tua semente dentro de mim.
nasceu tão bonito que todo mundo chorou.
você asfixia o mundo em flor.
e é tão.

domingo, 22 de junho de 2008

eu queria ser mais que um papel rabiscado.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

ah, você.


mãos de silêncio entre o que ainda há de ser de nós duas. nada faz parar, nunca fez. você não percebe, eu lhe toco os cabelos e nascem flores lá na Ásia. vamos, cai no profundo de dois pontos perdidos bem na minha cara e diz, vamos, diz se não é isso que sempre andou agoniando aí.e esses dias parecem tão longos, nos meus dedos magros. construo a curva da tua cintura na beira dos meus lábios. a insinuação de um bombeamento de sangue mais rápido, é normal. posso nunca perder os passos de mim. posso pra sempre me perder sem os teus passos. lutando contra a luva que não me quer entrar na mão. assim como as flores que não te querem voar pelas costas. que tu não queres jogar, não queres. mãos divorciadas, corações casados. cadê você agora? não se surpreenda se alguém bater à sua porta três vezes e gritar "sol!". e de repente, nada restar lá fora senão um poste de luz piscando. a chuva é coisa louca, tem gosto de beijo teu. a organização do teu cabelo na bagunça do cheiro dele. e os meus pensamentos têm a cor dos teus olhos.

e eu sei de cada...
eu sei.

cala-frio.

rosa e roxa e todas as cores, pra te agradar.
nenhuma, o branco da minha pele
o teu paladar.

nuca e pontos
pêlos e gostos
sou o teu arrepio


vem desejando
e segue com a língua
do mesmo indioma
pra ficar quente
e calar o frio.

quarta-feira, 18 de junho de 2008


se eu conseguisse dizer, você não acreditaria.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

minha mão não enxerga um palmo na frente dela. soprar o vento nos meus próprios olhos porque só tu me consegues fazer chorar. eu não sou mais que um papel rasgado no canto da mesa que ninguém usa mais, assim sem. beijo as tuas cutículas e peço: deixa eu virar a tua pele deixa eu virar a tua pele deixa eu virar a tua pele? a minha ferida pulsante não quer conhecer outras areias. gosto das tuas pedras no meu sapato e do conforto do teu grito no meu silêncio. perco cinco pra achar um cinto apertando o meu estômago, pra conseguir respirar. é comprimindo. comprimidos jogados na pia, pra fora de mim, como água adentro. urina. eu não vou embora, eu só sei o caminho amarrado nos teus pés.

vírus.

porque o teu perfume lembra as outras pessoas, de mim. e continuar comendo as minhas próprias unhas por não poder morder o teu pensamento é meio. lambe os meus lábios e cospe vida nas minhas mãos. perdida sem saber como começar o novo parágrafo. por isso eu não paro e sigo em frente com pontos em seguida sem começar com letra maiúscula. a não ser que tenha o teu nome. porque o teu nome tem caixa alta em mim. te amo nas entranhas, que é por onde a gente vive. cinco passos pra frente e tem um buraco, o meu umbigo. mora em mim que eu não faço greve de fome. tremo no cair do teu silêncio e mergulho na lágrima seca do teu sorriso. porque não pintas logo o meu céu em vez de me fazer enxergar o vento? eu ando cega de mim. tenho uma fita na mão e não sei dar nó. vamos, eu nunca quis ser marinheiro. você é areia e eu sou pé com ferida aberta. essa não vai ser a última vez. e eu não sei escrever sem morder a tua língua. sentes o meu gosto quando eu me firo? eu talvez seja um vírus, precisando de ti pra me reproduzir. me reproduzo dentro do teu peito, pra chamar de meu a cada nova de mim. t e r r i t ó r i o.



domingo, 15 de junho de 2008

título pra quê?



eu não vou esquecer de nada que tenha o brilho dos teus olhos escondido num buraco feito por mãos pequenas. e construir um castelos de areia bem na beira da praia não é tão confiável, mas eu acredito que as ondas estão a nosso favor, se tu disseres. o caminhar do meu pensamento por entre o pulsar do peito, entre imãs que só atraem teus sorrisos: eu me sinto melhor. não chora enquanto eu não puder absorver tua tristeza com meus lábios. eu, presa entre aquilo que eu fui e joguei fora, não pra reciclar, mas pra alimentar animais doentes e o que sou agora, alimentando os olhos do sol e adoçando as nuvens. não há fechadura, nem portas. eu derrubei tudo, quando você apareceu. eu era só muros, agora sou nada. agora ando nua, porque você me desvenda até o último pêlo. mãos pintadas de vermelho, que se pintam de branco de pele e caem no gosto dos lábios. somos nós pintadas de nós mesmas. não quero voltar a enxergar. sou feliz cega, vendo apenas o que as brechas entre os teus dedos me permitem. o teu hálito é de me tremer a língua e eu entendo a tua pele, mesmo que.
acaso existe, sim, mas é assim:

há casos.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

tudo.


deitada na grama do pensamento meu. olhando pro lado. vida por todo canto, se exibindo pra mim. e a morte se oferecendo em todas as coisas. mas eu não quero. roupagens novas para o mesmo e velho sentir do coração. ruas que me esquecem o nome e que travam a língua do meu cérebro. as pessoas dançam certo numa linha. porque as mãos não deslizam mais? vou escorregar pelo teu pensamento e te assaltar os sonhos, sem pedir desculpas. lugares vazios e outros marcados. eu vou beijar a tua cintura e chamar o teu arrepio de meu. sinônimos de ti, não existem. nada me diz sobre nada e continuo caminhando sem saber que pé por na frente primeiro, se ando torto ou não. o sapato anda apertado demais. ou será o peito? acho que o coração cresceu. talvez eu exploda e tu só percebas quando cair no teu teto, pedaços de ti. eu preciso acreditar que os meus olhos brilham mesmo quando os teus estão fechados. duas pernas com o teu nome, e cada passo ao teu encontro.
hoje amanhã hoje amanhã hoje amanhã. tu. ontem não existe.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

um dia desses eu me caso com você.


qualquer dia eu levanto da minha cama, visto a primeira roupa preta que me vier na frente, arranco flores da casa do Sr. Romário - aquelas amarelas e as roxas bem pálidas assim, que ficam nos cachos de baixo- pego uma carona com alguém que esteja passando, na minha placa que vai dizer 'para a minha futura mulher' e uma seta. até chegar a porta da tua casa, com o coração cantado a marcha nupcial, todo agoniado, bater três vezes na porta pra dar sorte, me ajoelhar e pedir por-favor-claro-que-sim que sejas tu quem abra a porta, porque eu já vou tá lá ajoelhada e tudo e seria muito vergonhoso se fosse a tua mãe, por exemplo. e se fosses mesmo tu, eu puxaria uma bíblia, daquelas de bolso, minúsculas assim, e uma gravação de um padre consumando um casamento que eu gravei de um filme mesmo muito bonito. mas antes, aí vai o pedido:



eu tô aqui, amor, pra dizer que a minha vida tem um sol e um lugar pra ele, que é em toda e qualquer parte que faça a luz chegar em mim. eu quero que tu saibas que eu vou me fechar e dizer que sou fotofóbica, mas tu tens que chegar devagarzinho e ir tocando a minha pele com a ponta dos dedos, deixando pontinhos de luz por todo meu corpo, até cobrir tudo e dizer 'tá vendo? você é luz também, girassol' só pra eu responder que não, eu só giro porque sou girassol e você ponto fixo. sol. então vem comigo nessa estrada comprida. te carrego vezenquando, pode deixar.






i mean it.

bom dia.


sou eu rastejando feito cobra-música no rádio que só existe na tua cabeça. e tu és aquela música que eu quero ouvir. manhãs sendo descobertas com um nome sendo gritado na boca das crianças : não é o meu. o medo de que o dia chegue e eu esteja parada sem uma flor na mão. eu sempre tenho um ramalhete. os dedos atrapalhados e tremendo como formigas afogadas em água com açúcar: não se acalmam. tu és o último suspiro e sempre o meu mesmo pedido. páginas marcadas com sentimentos de que. preciso achar um bolso pra me esconder. talvez amanhã não seja tão rápido e haja mais tempo para as nuvens caírem e beijarem os machucados, tão doce tão doce. como passarinhos cantando em bemol. tayná, tu tens de ensinar a vida a andar. claro, mas antes eu tenho que aprender a não cair quando tu falares meu nome.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

linha vermelha com você escrita em cima.


como passear os dedos pelo vazio de uma barriga faminta: por dentro. você sente a fome lhe morder os dedos. saltando do universo pra fora de si, ela sentia que a vida começava a brincar de suicida. aconchegando as mãos dentro do umbigo do sol. não me deixe levar com o soprar do vento. eu gosto de que as pernas se percam na confusão das ruas e você saiba qual é a minha. pela cor. pelas marcas. mesmo que você não saiba, eu gosto de pensar que. laranja não me cai bem, você salta pra dentro de mim. você é todas as cores que eu não aprendi a nomear, só reconhecer. porque eu te reconheci, quando te vi. eu achei um pedaço de papel com uma linha vermelha e prometi que seria o meu horizonte. escrevi teu nome nela. você é o meu horizonte vermelho, com sol se pondo e noite nascendo. eu te sinto nascer todos os dias. e você ainda germina em mim. vou dormir ao som do teu bocejo pra acordar à batida do teu coração.

sábado, 7 de junho de 2008

o amor tem menos formas que você.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

tu.



então quando eu vi que tua mão tremia dentro da minha, eu senti o abrigo se construir ao redor. balançando as folhas da árvore, como nas madrugadas em que eu me levantava e tomava um banho frio de horas e deitava sem me enxugar nem me cobrir e dormia assim. as manhãs eram tão mais pálidas, com os lápis de cor perdidos pela casa. até você chegar e achar, um por um. estavam todos debaixo da cama, amor. você disse. é que eu tinha medo de ir lá embaixo e você não sabia. porque no escuro do entre eu e o chão, morava o medo de que eu me perdesse e não soubesse voltar, escalando o grito que talvez não desses. sem voz de socorro. as ondas batendo de leve na barriga da minha ansiedade, fazendo sons de mar em concha. mas eu nunca mais coloquei dedo sequer em água que não viesse de ti. nem quero. porque o meu chuveiro tem teu nome escrito. assim como as torneiras fazem barulho de ti. porque tudo que é claro e simples, me lembra (de ti). e tudo que é bagunçado e complexo, me recorda (de ti). tu estás bordada em todas as minhas roupas, salpicada em todos os meus perfumes. como a minha necessidade de dizer que te amo está na minha garganta, mesmo depois que eu engulo todas as nuvens e cápsulas.

traço.

então há o sentido e a falta dele. como quando eu abro os olhos de manhã e não vejo sinal de ti. como ontem quando passavas as mãos pelos meus cabelos e construias uma história com cada fio. e comias os meus olhos com os teus, lambendo os lábios com os dedos de unhas roídas, tão menores que as minhas. essa coisa de café e amor e pão quentinho. confortável como barriga de mãe e abraço de vento. não menos vazio, porém, quando se vai e abro os olhos. como se eu fosse um copo de plástico, o amor fosse algodão com água e você fosse o grãozinho de feijão, que vai crescendo dentro de mim. e continua. e eu não sou um jato d'água, eu sou uma gota. e tu não és um suspiro, tu és um furacão. feito teoria do caos. tu és toda a loucura da minha consciência. e eu te agradeço pelos dias em que eu não sei falar nada a não ser o teu nome, tão sonoro. que sai de mim com todas as forças e fraquezas em mim impressas e corrompe meus segredos e sigilos feito cofres decorados de veias e entranhas e ossos gravados com uma letra. uma. eu desenho um traço pra me controlar.






traçotraçotraçotraçotraçotraçotraçotraçotraçotraçotraçotraçotraçotraçotraçotraçotraçotraço








agora ultrapassei e você não me pára mais.



o meu pé vai formigar pelo resto da minha vida.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

escada.

olho no fundo
ego da alma
espelho no chão
quebro o teto
olho de pedra
coração de vidro
cinco sentidos
um pedido
fundo do céu
limite é o poço
desço mais um pouco
te encontro lá embaixo
repito:
m
eu
amo
rmeu
amorm
euamor!
e sobes
pela escada
do meu grito.

terça-feira, 3 de junho de 2008

cair.

"destino é aquilo que sai de você e enfrenta o mundo"

meu peito aberto prum mundo fechado, o teu. não sou a manhã fria de um verão quente. sou o cobertor caído aos pés da tua cama, de tanto te mexeres enquanto dormes. eu caio de sono teu. eu sonho caindo por ti. eu caio sonhando contigo. e eu leio Caio quando quero sonhar contigo. sem graus pra medir a temperatura do teu olhar me seguindo as costas. eu sinto queimar como faíscas de um fogo de artíficio. os pêlos do corpo passeando apressados arrepiados erguidos na pele. pontinhos que formam, bonitinhos assim. sinal de que estás por perto. meus sinais te conhecem. eu faço sinais pra que me reconheças. um pequeno pedido proferido por lábios que sabem de vida e têm gosto de não-se-dizer como aquelas flores que eu nunca, nunca comi. eu comia flores pra ficar mais delicada. mas a delicadeza me foi embora e me ficou no lugar a saudade, por isso como nuvens. a necessidade da palavra prosa vento rosa por todos os cantos do quarto peito agora sempre. não quero fazer sentido se você é uma bagunça. já te dei a mão e já saltei contigo, só falta a gente cair. fall, you know? again.

crenças.

eu acredito no deus escondido no brilho molhado dos teus olhos, quando meus. e as tuas mãos bonitas como uma folha de papel, ainda em branco. és todo um caderno novo, onde eu escrevo a minha história com todos os erros, pois não tenho borracha e em ti nada se apaga. quando abres a boca pra falar, contas partes do que já escrevi. por isso eu sempre sei o que vais falar. eu escrevi o teu roteiro. que é meu. na verdade, eu nunca sei nada, porque tu escreves por cima, com caneta vermelha e a tua é mais forte que a minha. sobre tudo do mundo, eu entendo do batimento do teu coração. e da tua silhueta dançando com a sombra. e do teu sorriso flertando com o meu medo, formigando o meu pé. piso no chão pra sentir que tô viva e sinto nuvens. a tua. eu vou estar aqui até acordares. só pra te ver dormir de novo. eu te quero fazer dormir. porque eu acredito no deus escondido no brilho molhado dos teus olhos e no silêncio seco do teu sono.

sonho.


lá dentro do sorriso corrompendo os meus dias, mora o arrepio. saio do meu casulo pra te espiar fazendo café. pode fazer barulho, eu quero acordar. com e por. você cheira a coisa boa, quente e sóbria. tão alucinógena quanto aquela droga vinda das flores, do filme. sopro nos teus olhos o vento dos meus sonhos e choras um pouco. porque chorar é preciso. assim de felicidade bonita grande gigante. e medo. como os meus dedinhos tremendo de madrugada, sem que eu esteja tocando piano. mas como se o ar fosse um. e fizesse sons tão estrondosos que a casa toda acordasse, menos você, que era quem eu queria. queria que você acordasse pra me abraçar e reclamar de alguém pra eu me sentir bem. pra me sentir melhor pra você. e os meus cílios vão deslizando em ondas pelo teu corpo, te causando arrepios em círculos. eu abro e fecho os olhos tão devagar que me dá sono e acabo dormindo ali, beijando tuas costas com a vista. quando acordo, o travesseiro tá molhado e eu sozinha, de novo.

domingo, 1 de junho de 2008

espanholita.

ela abriu os olhos e o viu dormindo ao seu lado, roncando um pouco, o que achou bonito. o ronco dele parecia a dor tentando escalar o muro do corpo. foi quando se sentiu tão, mas tão só. yo no sé. a cor dos olhos mudando e o mundo girando, sem mudar de cor. o coração apertado contra as paredes internas que só tinham ouvidos vermelhos e ossos tão brancos e mordiscados. ela não poderia continuar assim, acordando de noite sem vontade de pensar em nada, achando o ronco dele bonito, tomando café pra não dormir mais e esquecendo dos remédios. queria encher as mãos de algo pequeno demais para os lábios adocicados de angústia. e quem disse que angústia é amarga, meu amor? escorre pela veia, o líquido pastoso branco sujo. pranto, não. gozo. não gostava daquilo. nojo? não, nem tanto. mas ela queria a delicadeza dos dias deixados em que ela era eterna. os seus dedos andavam, dedilhando o piano das paredes. ela desenhava o plantão da sua doença no ar da manhã. me voy. e ele acorda. bom dia, amor. buenos dias.