domingo, 6 de janeiro de 2008

eu (espaço) nada.


eu quero escrever em prosa
todo o sabor que me cobre o pensamento
espalhar pelas ruas das palavras
as despedidas dos versos

em cada vão momento
que me fecharem os olhos
com a mão da solidão
e eu derramar
sem medo, com pavor
os segredos do coração,
perdoa-me.

e os pianos dançam
na sua melodia de dor
e eu queria mesmo
era a tua mão
ou as flores murchas
de uma primavera
que inventei
pra ver teu jardim mais bonito.

eu, que tenho um colo de flores
esqueço de as regar
e a chuva que procuro
cai como gelo na pele
que não esquenta
não foge
só lembra.
e eu,
eu tento esquecer.

enquanto as folhas caem
junto dos trovões
e a tempestade
embala a minha rede,
costuro futuros com os dedos e fios de cabelo
que me caem até o chão
que ninguém pisa.

então, voa
voa com as asas de ontem
que o hoje não presta
e o amanhã
não existe.

Um comentário:

Salve Jorge disse...

Foi um desparate
Fulgaz arremate
E o peito ainda bate
Porque é rasgado a navalha
Não foi fogo de palha
Logo jaz a ausência do pedaço dado
Não foi mal
Julgavas que seria bem guardado
Talvez num lugar especial
Muito bem emoldurado
Mas o templo foi profanado
E seu Deus renegou-te por três vezes
Diante do espelho
E fez velho
O que já fora amante
Decreteu seus ostracismo
E fez de tudo uma aventura errante
E vão as asas sangradas
OS dedos cortados
Tão cheio desses cacos
Que não cobrem o buraco...