quarta-feira, 19 de março de 2008

can i be your favorite song?


são as horas do meu pensamento que me deixam vagando pelos fios do teu cabelo. onde estão tuas mãos que enchem meus olhos de lágrimas e o peito de suspiros? onde está a minha respiração quando não perdida por tua causa? levemente, os dedos se movimentam, formando conjunto de sílabas. nada faz mais sentido agora. nesse exato momento, eu não faço sentido. cadê você? quero ser a tua música preferida. quero que me ouças o dia inteiro, quero que apertes a tecla de repetir e que chores me ouvindo. quero que sorrias com o soar da minha primeira nota. quero que dances sozinha. mentira, quero que dances comigo. só comigo. porque é só contigo, que eu dançaria. porque eu não sei dançar, amor, eu não sei dançar. danças torto comigo, danças? eu tenho passos feios guardados aqui no bolso das calças. posso fazer furo nelas, para que eles escapem, se me convidares para dançar.posso ser a música que fazes com os pés? posso ser a música que os teus dedos fazem quando são estalados? posso ser a música do teu cérebro trabalhando? e ele não descansa. eu só sei que eu te vejo e meu corpo não aguenta. sei que eu sei muita coisa, só de te olhar. enquanto eu ter algum sentido, na minha falta de sentimentos que não saudade, quando você não está, te imagino sorrindo por entre as coisas que eu não sou nem estou e és linda. és tão mais linda que tudo que eu já imaginei. meu amor, és mais linda que a minha música preferida.




mentira, porque tu a és.

segunda-feira, 17 de março de 2008

cotidiano.


eu queria que me visses agora.
hoje, eu queria que tivesses pena de mim,
hoje, só hoje, eu queria que chorasse tuas lágrimas
em cima das minhas
e que misturasse o teu gosto salgado
com o gosto de mar salgado
delicado,
meu.

amanhã, quererei eu que me esqueças
e que não me perguntes como estou
que sorrias pra todos na rua
e não te perguntes como eu vou
voltar para casa.

mas ontem, amor
ontem eu quis que tu me colocasses num altar
e não sentisses pena
e não me esquecesses
eu só queria que me exaltasses
como eu fiz e faço
como eu sorrio e abraço
todos os teus traços, erros, medos, gritos
todas as vezes.

quinta-feira, 13 de março de 2008

e se eu...


hora, luz, caindo.
me dá a mão que eu não vou embora.
agarra a loucura, vai,
agarra!
não és sã!
não és santa,
mas tens altar.
no meu peito alvo
no aconchego no meu abraço
e no tempo do meu sono.
olhos baixos pro chão
marco a vida com pegadas
vais seguir?
vens atrás de mim?
como posso ir sem saber
se vens comigo.
vem comigo.
eu perdi as palavras
eu beijei o vento.
solto devagar
o laço do teu vestido,
o laço da minha vida
preso no teu pulso,
uma pulseira.
está apertada, amor?
não a deixe cair no chão.
mas e se eu cair...

segunda-feira, 10 de março de 2008

por você eu plantaria um jardim.



[Remember me when you're the one that's silver screened
Remember me when you're the one you always dreamed
Remember me whenever noses start to bleed
Remember me, special needs]

quando as mãos tremem e eu não consigo parar. são os cacos de vidro que deixamos no chão, são eles, meu amor? quando sobrou no canto dos meus lábios, meia palavra que fosse, e levaste-a com o simples pousar dos teus olhor distantes em minha boca. foste tu? ai, se não foste. porque eu precisava respirar mais rápido que corrias e eu não conseguia porque eras tão rápida que te foste muito depressa lá pro outro lado, o outro lado do muro e eu nunca o quebrei. sabes como quebrar muros, amor? eu não tenho força. nunca tive. tu tens. eu tenho remédios, vários deles, serve? tu não tens. ou tens? meu horário se conta por suspiros mas eu não tenho mais fôlego. eu perdi os dentes construindo castelo de fada-dos-dentes, eu não tinha dinheiro pra um castelo de verdade, desculpa. de que me adianta os jardins? já florecem em mim todas as flores. eu nunca conheci tanto sobre elas. eu nunca mandei flores pra alguém que amo. acho que eu plantaria um jardim, no lugar disso. por você eu plantaria um jardim. todas as pequenas coisas do mundo. eu faria uma criança sorrir, por você. eu até faria um vestido de noiva com pétalas de flores do teu-nosso jardim, pra você. duvido que qualquer outra pessoa faria tudo isso. mas ainda acha que não. não importa, o que me interessa é que eu faria.


eu te amo.
[tem brasileiro até na cratera que eu construí debaixo da tua casa sem nacionalidade, tem sim.]

sábado, 8 de março de 2008

la jeune fille aux cheveux blancs.


{às vezes vem como se uma onda se perdesse naquilo tudo que eu joguei no mar. no dia que as ondas forem embora, pra onde irão os namorados que gostam de praia e pôr-do-sol com vento e areia e bichinhos nos mordendo a perna? pra onde vão todas essas coisas que a gente joga fora e eu não sei reciclar? porque eu não sei reciclar mesmo nada, era mentira. eu queria saber reciclar os dias. mas há dias que eu queria jogar fora assim pro lixão. }

nas tuas mãos, escritas com o meu nome em azul, o azul da manhã entre os sonhos que nos caem sobre os olhos, todas, todas as noites que não querem nos ver dormir. nossos olhos são mais bonitos abertos, porque olham o mundo juntos, amor. e quando te pegas a pensar porque disso e daquilo, te digo: a filosofia nada sabe, deixa que eu te explico tudo com a minha respiração que só não é um gemido porque antes, é suspiro. o meu desejo de voar, enquanto sentas nessa cadeira que não é torta porque a fizeste com as tuas mãos brancas com o meu nome em azul, que se faz vermelho, como uma torta de morango com cobertura de algo colorido que ao morder, vem o recheio. tu tens recheio. e são os meus cabelos brancos que não tocam as nuvens quando eu as invejo, por estarem tão no céu quanto tu, enquanto dormes e eu acordada, conto nos dedos as horas pro outro dia, que seja melhor e doce, sempre doce. e isso é raro, de eu estar acordada. porque eu gosto de dormir e porque os meus olhos seguem o ritmo dos teus, porque os meus olhos gostam de estar no mesmo mundo que os teus, sempre.

quarta-feira, 5 de março de 2008

a voz vai embora de mim.

eu chego com a dona voz que tá correndo. chego, ofegante perto dela. a pego pelo braço, aperto forte mesmo e pergunto:

posso ir com você?

segunda-feira, 3 de março de 2008


um sorriso no canto dos lábios? a flor murcha de dor dor dor. sobre os canteiros da alegria da casa ao lado, a consciência cai nos lábios e corta, não posso mais sorrir. que se vá com as nuvens, o anjo. mesmo que se vá com o médico, os órgãos. quem disse que não se opera a alma? quem disse que não se vai sem dizer adeus? eu esperava mais como esperava-se mais das flores no inverno. mas elas morrem com o peso da neve. essa neve branca. branca ou negra? eu esperava que o vento trouxesse algo diferente do frio nessa cidade quente. eu esperava mas eu não podia esperar porque eu estraguei as uvas com os meus pés descalços. eu não faço vinho bom. a flor despetalada, entrelaçada no caos. a morte da flor, saiu no jornal. as minhas raízes corroídas pelo que deixou cair do ontem. eu mereci o desaparecimento do amor na floresta. quem salvará o mundo do desvanecimento? eu desfaleço. eu caio. eu me arrasto e abro a a porta com os dentes. não tem nada. e o vazio do outro lado me espera. porque foi sempre o vazio quando não foi mais. she loves me, she loves me not. as flores morrem pra saber do amor. e a gente sempre dá um jeito, de nos amarem no final.