quarta-feira, 9 de abril de 2008

correr.


vou abrir a boca pra me engolir. aquele sol lá fora não me toca mais como esse vento artificial, vindo dos sorrisos que eu perdi. minhas mãos estão quietas, porém correndo. "quero correr até não ter mais pernas", ele disse. e eu não soube responder, eu não soube. talvez porque eu também queira. e eu nunca soube correr, não como as outras pessoas. eu corria sobre cacos de vidro e contemplava as pegadas que me seguiam, isso serve? ao menos eu tinha companhia. o gosto amargo que não depura, já disseram e eu não entendia. até hoje não, mas eu sinto. sinto descendo pela garganta e parando no coração. tenho ligações por dentro do corpo que ninguém mais tem. você não entende nada. não quero ir embora, mas você vem comigo? aqui não chove, não agora. estou com calor, preciso ficar nua pra contemplar o que é teu. vestido ninguém passa de mais um. as pessoas se fantasiam com suas roupas. eu me fantasio com a minha pele. deixe eu derramar nas tuas veias. me deixa transbordar de ti. não te recuses. não sumas e nem corras, porque ainda tens pernas (e muita carne nelas). porque quando abrirmos os olhos, os meus terão tomado banho. e os suspiros formarão uma sinfonia e tu me beijarás e dirás que está tudo bem, que me amas e não vais me deixar. mas eu não quero ouvir isso. eu quero ouvir que eu preciso de conserto. que eu estou doente e que a vida me dói no pensamento. porque eu sei que me amas e que não vais me deixar, mas eu preciso que tu saibas que eu ando doente, e muito cansada. e que eu te amo, mas isso és tu quem já sabe. não vou mais escovar os dentes, não quero perder o gosto. gosto de quê, amor? gosto de mim na boca amarga da manhã. gosto teu no escurecer do dia. os dias escurecem porque eu fecho os olhos e continuas acordada. devias dormir. eu devia levantar e passar um café. eu devia acordar e fugir de casa. até não me sobrarem mais pernas.

2 comentários:

Salve Jorge disse...

Corre. Avoa. Venta. Desembesta.

Corre. Vai rápido. Mais que o vento. Mais que o tempo.

Corre. Me socorre. E vê se não morre. Que sem você é tudo um porre.

Corre. Contigo corro. Por ti eu morro. E moro no morro.

Corre. Cor ré. Dor é. Corte.

Corre pra cá...

Anônimo disse...

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