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eu queria que me visses agora.
hoje, eu queria que tivesses pena de mim,
hoje, só hoje, eu queria que chorasse tuas lágrimas
em cima das minhas
e que misturasse o teu gosto salgado
com o gosto de mar salgado
delicado,
meu.
amanhã, quererei eu que me esqueças
e que não me perguntes como estou
que sorrias pra todos na rua
e não te perguntes como eu vou
voltar para casa.
mas ontem, amor
ontem eu quis que tu me colocasses num altar
e não sentisses pena
e não me esquecesses
eu só queria que me exaltasses
como eu fiz e faço
como eu sorrio e abraço
todos os teus traços, erros, medos, gritos
todas as vezes.
Um comentário:
Nesse cotidiano
Em meio ao mundano
É esse seu jeito insano
Que imprime sentido
Que entorpece o poderia ter sido
Que desvirtua o que já foi ungido
Enquanto o sal arde nas feridas
Ao mesmo tempo que as limpa
E tudo que eu queria era te ver
Suas asas lamber
E lembrá-la que tuas lágrimas
São o rio da minha fábula
E todas essas rimas
São pra mostrar que não esqueço
Essa imbricação é o preço
De sermos do avesso
Inquietos com as rasas tábulas
Desde o começo
Eu cavei todo um oceano
Fiz côncavo
O que antes era plano
Só pra caber o nosso mar
Onde me lavo
Sempre foste meu altar
Onde venho me sacrificar
Onde a adaga no peito cravo
E te exalto
Te exalo
És algo tão em mim
Que sequer posso definir...
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