domingo, 29 de junho de 2008

arrepio.


"porque ela é o acontecimento que tantas as notas prepararam, de tão longe, morrendo para que ela possa nascer" _ Sartre_



porque as minhas mãos não param de procurar o lugar em que está o vão das tuas. e tu sabes que eu não posso deixar fugir dos meus olhos o brilho dos teus, que me roubam o sossego, até numa ilha deserta. a imaginação de uma criança não seria mais bonita que a minha, quando penso em ti. eu não sei mais pensar direito. penso do meu jeito pra ti. sorrisos que me cobrem de uma constante embriagez de ânsia. se olharmos o sol por muito tempo, quando ele está se pondo, é claro, e de longe, parece que não é real, parece que é ilusão. só sabemos que o sol existe por causa da sua luz, se o olharmos muito. porque sem lua dá pra viver. mais triste, mas dá. e sem sol? pétalas que arranco da minha pele pra alimentar a tua fome de flor, a tua fome de mim. mesmo eu não tão delicada, mesmo eu não tão amarela. e eu que achava que amor era só formigamento da pele, quando penso em ti, sinto a alma ferver. o que eu seria sem o meu peito que grita em tons altos e arranha as paredes de mim, em teu nome? eu quero o teu ninho, pra aquecer o meu amor. quero te dar comida feito mamãe-passarinho. sentir teus pêlos arrepiarem nas costas, sem encostar um dedo sequer.

Um comentário:

:: Daniel :: disse...

"pétalas que arranco da minha pele pra alimentar a tua fome de flor, a tua fome de mim."

Frase digna de um minuto de aplausos.

***

Certas religiões usam do alimento para comunicação direta com as divindades. Neste caso, é físico, visível, natural (de natureza mesmo), vivo.

Mas o amor, nosso coração, também precisa ser alimentado pelas bandas de cá. Faça dele seu altar mais sincero e não deixe de depositar suas flores, seus cheiros, seus calores, sabores (e por que não os dissabores?) para montar o mais resplandescente altar do teu peito.

Beijos!!